As janelas tornaram o uso dos computadores mais simples: O ser humano tem a capacidade inata de memorização visual, é mais fácil pilotar em meio a informação espacial do que em meio a informação textual, e as janelas são ferramentas para se ver esse espaço, como um espelho ou um microscópio.

A facilidade de uso da janela na realidade tem a ver com a lembrança espacial de alguma coisa, o apelo à memória espacial é a parte essencial da interface gráfica contemporânea.

O que Doug Engelbart e o pessoal do Xerox PARC compreenderam foi que as propriedades espaciais da janela não eram um estratagema para nos ajudar a lembrar onde pusemos as coisas. Eram um modo de representar modos e, uma maneira de alternar entre modos.

A passagem do sistema fixo da linha de comando para as possibilidades mais livres da janela segue a mesma trajetória percorrida pela filosofia ocidental: da verdade estável, unificada, de Kant e Descartes para o relativismo e a ambiguidade de Nietzsche e Deleuze.

O surgimento da janela nos devolveu ao nosso estado fragmentado costumeiro: o tipo de multitarefa que experimentamos a cada manhã, lendo o jornal enquanto nos vestimos, isso sem tirar o olho dos ovos com bacon na frigideira.