O existir em um mundo onde muito está por fazer: alguns tensionamentos de Álvaro Vieira Pinto endereçados a Sartre e a Heidegger

Apresentei esta proposta de artigo sobre Álvaro Vieira Pinto no dia 28 de julho de 2015, no GT “Fenomenologia, Teoria e História” do II Congresso Brasileiro de Psicologia & Fenomenologia. O resumo foi publicado nos Anais do evento.

Acesso ao artigo:

PARA CITAÇÃO

GONZATTO, Rodrigo Freese; MERKLE, Luiz Ernesto. O existir em um mundo onde muito está por fazer: alguns tensionamentos de Álvaro Vieira Pinto endereçados a Sartre e a Heidegger. In. Anais do II Congresso Brasileiro de Psicologia & Fenomenologia e IV Congresso Sul Brasileiro de Fenomenologia (2015: Curitiba, PR), de 27 a 29 de julho de 2015 – Curitiba, Universidade Federal do Paraná, Departamento de Psicologia, Programa de Pós-Graduação (Mestrado) em Psicologia, Laboratório de Fenomenologia e Subjetividade (LabFeno), 2015. p.154. Disponível em <http://gonzatto.com/vieirapinto-sartre-e-heidegger/>.

RESUMO 

Resumo: É possível discorrer sobre abordagens da fenomenologia e do existencialismo no Brasil. Entretanto, seria possível falar de uma fenomenologia e de um existencialismo brasileiro, ou ainda, a partir e para o Brasil? Neste texto articulamos tais correntes com o trabalho de Álvaro Vieira Pinto, pensador brasileiro que influenciou algumas das categorias exploradas por Paulo Freire, mas que, por diversas razões, deixou de ser reconhecido no contexto nacional. De nosso ponto de vista, Vieira Pinto oferece uma leitura original das filosofias da existências e a fenomenologia, remodelando conceitos de Heidegger, Sartre, Husserl, Karl Jaspers e Ortega y Gasset. Em uma leitura histórica e materialista-dialética, Vieira Pinto aproxima sua crítica da existência à questão do trabalho, preocupando-se em elaborar uma filosofia que auxiliasse o desenvolvimento das nações subdesenvolvidas, e, sobretudo, de quem trabalha. A categoria ‘trabalho’ é conceituado em um viés fenomenológico-existencial, pois propicia uma compreensão dialética da produção da existência de cada sujeito, imerso em coletividade, tenazmente conectado ao desenvolvimento de sua realidade/cultura material. Para elencar alguns dos conceitos debatidos por Vieira Pinto, temos suas leituras das noções heideggerianas de amanualidade e de ser-no-mundo, assim como das ideias sartrianas de projeto e de liberdade. Vieira Pinto tece críticas ao existencialismo, por entender que este serve às nações desenvolvidas que lhes são de origem, como as europeias, mas não para que aqueles e aquelas que estão no mundo subdesenvolvido mudem suas realidades. As nações subdesenvolvidas, antes de se preocupar com a construção de suas existências, estão a se preocupar com suas próprias subsistências. Apesar do existencialismo europeu jogar luz ao caráter situado da ação humana, suas preposições são apresentadas como universais. Nas nações pobres, os sujeitos (incluindo os filósofos) devem partir de suas condições materiais para elaborar suas consciências e seus próprios projetos de nação. Assim, para construírem suas existências, precisam, além da ideia de se reconhecerem como seres-no-mundo, quererem estar-no-mundo, ou seja, querer enfrentar e superar as contradições das realidades em que estão, para então, elaborarem seus seres nestas realidades. Ao invés de estarem diante de um “nada”, os povos do terceiro mundo encontram-se diante “do Tudo quanto está por fazer no mundo que é o seu”, incluindo aí suas próprias filosofias.

Palavras-chave: Álvaro Vieira Pinto, fenomenologia, existencialismo, materialismo-dialético, Filosofia