Tese de doutorado: Usuários e Produção da Existência

Dissertação defendida no mestrado do PPGTE – Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade da UTFPR – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba (Brasil). Orientador: Luiz Ernesto Merkle. Defesa realizada no dia 28/09/2018, 14h, na UTFPR, Curitiba (sala B-205).

Apresentação de slides apresentada na banca de defesa de tese:

Nesta tese de doutorado, apresento diversas caracterizações sobre o “usuário” em Interação Humano-Computador. Analiso estes a partir de fundamentos teóricos em IHC baseados na abordagem dialético-existencial pela perspectiva crítica do pensamento filosófico-antropológico dos pensadores brasileiros Álvaro Vieira Pinto e Paulo Freire. Ao final deste estudo interdisciplinar, ofereço apontamentos para debate e para a formação uma outra imagem do chamado “usuário”.

 

PARA LER A TESE

 

COMO CITAR

GONZATTO, Rodrigo Freese. Usuários e Produção da Existência: contribuições de Álvaro Vieira Pinto e Paulo Freire à Interação Humano- Computador. 2018. 296 f. Tese (Doutorado em Tecnologia e Sociedade) – Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade (PPGTE), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Curitiba, 2018.

 

RESUMO

Nesta tese buscamos traçar, caracterizar e tensionar compreensões sobre “usuários” nos estudos em Interação Humano-Computador (IHC). “Usuário” é um termo que denomina a pessoa que usa um artefato computacional, e um conceito que implica em uma caracterização de seres humanos e suas relações com as tecnologias. Propomos a produção da existência como potencial orientação de debate teórico sobre “usuários” em IHC, a partir de estudos em Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) de Álvaro Vieira Pinto e Paulo Freire. A abordagem dialético existencial desses autores nos exige considerar “usuários” como pessoas em construção, que produzem a si mesmas ao usarem e desenvolverem conhecimentos, técnicas e artefatos, pela práxis social em suas realidades. Entretanto, o desenvolvimento da existência, quando situado em condições opressivas, requer que os sujeitos se conscientizem e superem as opressões que alienam a produção das suas existências. Problematizamos algumas práticas e representações de “usuário” que constrangem, ocultam ou deslegitimam a autonomia de utentes na produção social de suas existências. Apontamos como “usuários” foram desespecializados de sua relação com tecnologias computacionais, e sua participação na produção destas tecnologias regulada e afastada dos espaços e tempos projetuais legitimados pelo modo de produção capitalista. Discutimos como “usuários” são reduzidos a uma figura genérica, representados como indivíduos desempoderados ou como receptores passivos de interfaces. Entretanto, a partir de Vieira Pinto e Freire, entendemos que estas caracterizações não constituem uma essência do “usuário”, mas uma condição construída historicamente – da qual a IHC faz parte, reforçando e questionando. Por fim, elencamos propostas à pesquisa e projeto em Interação Humano-Computador de matriz dialético-existencial, para evidenciar a produção da existência por meio do uso e produção de artefatos computacionais: 1) uma agenda inicial de pesquisa que posicione “usuários” como sujeitos de saberes e fazeres em IHC; 2) a categoria “para si” como direção projetual que visa a produção social da existência, pelo desenvolvimento de artefatos computacionais via empoderamento emancipatório; e 3) o conceito de “interface amanual” como modo de evidenciar a produção material e subjetiva de interações, realizada socialmente por “usuários”, a partir de suas condições amanuais. Concluímos recomendando que “usuários” sejam reconhecidos pela Interação Humano-Computador como partícipes e protagonistas do processo social de produção das interações humano-computador, e que, pela importância que artefatos computacionais possuem na produção de suas existências, contribua para lhes oferecer condições para, com autonomia, superar opressões e se desenvolverem para a liberdade.

 

RESUMÉN (ESPAÑHOL)

En esta tesis buscamos trazar, caracterizar y tensionar comprensiones sobre “usuarios” en los estudios en Interacción Humano-Ordenador (IHO). “Usuario” es una terminología que nomina a la persona que utiliza un artefacto computacional, y un concepto que implica en una caracterización de seres humanos y sus relaciones con las tecnologías. Proponemos la producción de la existencia potencial orientación de debate teórico sobre “usuarios” en IHO, desde los estudios en Ciencia, Tecnología y Sociedad (CTS) de Álvaro Vieira Pinto y Paulo Freire. El enfoque dialéctico-existencial de estos autores nos exige considerar “usuarios”, como personas em construcción, que producen a si mismas al paso que se utilizan y desarrollan conocimientos, técnicas y artefactos, por la praxis social en sus realidades. Sin embargo, el desarrollo de la existencia cuando situado en condiciones de opresión, requiere que los sujetos tomen conciencia y superen las opresiones que alienan la producción de su existencia. Hacemos la problematización de algunas prácticas y representaciones de “usuarios” que abruman, ocultan o deslegitiman la autonomía de los utentes en la producción social de su existencia. Señalamos como “usuarios” han sido desespecializados de su relación con las tecnologías computacionales, y su participación en la producción de estas tecnologías regulada y alejada de los espacios y tiempos proyectuales legitimados por el modo de producción capitalista. Discutimos como “usuarios” son reducidos a una figura genérica representados como individuos desempoderados o como receptores pasivos de interfaz. Sin embargo, desde Vieira Pinto y Freire, entendemos que estas caracterizaciones no constituyen una esencia del “usuario”, pero una condición construida históricamente – desde la qual la IHO, hace parte, reforzando y cuestionando. Por fin, enumeramos propuestas a la investigación y proyecto en Interacción Humano-Ordenador desde la matriz dialectico-existencial, para evidenciar la producción de la existencia por medio del uso y producción de artefactos computacionales: 1) una agenda inicial de investigación que posicione “usuarios” como sujetos de saberes y haceres en IHO; 2) la categoría “para-si” como dirección proyectual que tiene por objeto la producción social de la existencia, por el desarrollo de artefactos computacionales a través del empoderamiento emancipatorio; y 3) el concepto de “interfaz amanual” como forma de valorar la producción material y subjetiva de interacciones, realizadas socialmente por “usuarios”, desde sus condiciones amanuales. Concluimos recomendando que “usuarios” sean reconocidos por la Interacción Persona-Ordenador como participantes y protagonistas del proceso social de producción de las interacciones humano-ordenador, y que, por la importancia que los artefactos computacionales poseen en la producción de sus existencias, contribuya para que se les ofrezca condiciones para, con autonomía, superar opresiones y para que se desarrollen para la libertad.

 

ABSTRACT (ENGLISH)

In this thesis we aim to trace, characterize and strain understandings about “users” in Human-Computer Interaction (HCI) studies. “User” is a term that refers to the person who uses a computational artifact, and a concept that implies a characterization of humans and their relations with technologies. We propose the existence production as a potential approach of theoretical debate about “users” in HCI, based on studies in Science, Technology and Society (STS) by Álvaro Vieira Pinto and Paulo Freire. The existential dialectic approach of these authors requires us to consider “users” as people in construction, who produce themselves by using and developing knowledge, techniques and artifacts, through social praxis in their realities. However, the existence development, when placed in oppressive conditions, requires that subjects become aware of and overcome the oppressions that alienate their existences production. We problematize some practices and representations of “user” that constrain, hide or delegitimize the “users” autonomy in their existences social production. We point out how “users” were de-specialized of their relation with computational technologies, and their participation in these technologies production regulated and distanced from the spaces and design times legitimized by the capitalist mode of production. We discuss how “users” are reduced to a generic figure, represented as disempowered individuals or as passive interfaces recipients. However, from Vieira Pinto and Freire, we understand that these characterizations do not constitute an essence of the “user”, but a historically constructed condition – which HCI is part, reinforcing and questioning. Finally, we list proposals for research and project in Human-Computer Interaction, by a existential-dialectical matrix, to evidence the existence production through the use and computational artifacts production: 1) an initial research agenda that positions “users” as subjects of knowledge and you do in HCI; 2) the category “for itself” as a design direction that aims at the social existence production, by the development of computational artifacts via emancipatory empowerment; and 3) the concept of “handiness interface” as a way of evidencing the material and subjective interactions production, carried out socially by “users”, from their handiness conditions. We conclude by recommending that “users” be recognized by the Human-Computer Interaction as participants and protagonists in the social process of human-computer interactions production, and that, because of the importance that computational artifacts have in the their existences production, contributes to offer them the conditions for, with autonomy, overcome oppressions and develop for freedom.

 

PRINCIPAIS SEÇÕES DA TESE

  1. Apresentação
  2. Tecnologia e Produção da Existência: abordagem CTS em IHC por Vieira Pinto e Paulo Freire
  3. Conceito de “usuário” em Interação Humano-Computador
  4. Propostas para projeto e pesquisa em IHC: produção da existência por “usuários”
  5. Considerações
  6. Referências